sexta-feira, 24 de junho de 2011

experiencias dos santos


Minha Primeira Designação na Igreja

Élder John A. Harris
Setenta-Autoridade de Área

Desenvolvi um sólido amor pela história da família ao descobrir minhas raízes na China, Grã-Bretanha, América Latina e Suíça.
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Apenas algumas semanas depois de meu batismo aos 16 anos, o meu presidente de ramo convidou-me a freqüentar uma classe de história da família. Toda minha vida mudou em conseqüência daquela simples designação.
Como cresci no Uruguai tendo o sobrenome Harris, que não era nada comum (herdado de meu pai, que era inglês), eu já possuía um interesse natural em história da família por causa de minha origem singular, que incluía antepassados na Suíça e na China, assim como na Grã-Bretanha. As aulas fizeram com que o Espírito de Elias ardesse com maior vivacidade dentro de mim. Comecei a entrevistar meus avós, a preencher registros de grupo familiar, a completar gráficos de linhagem e a escrever minha história da família. Pouco depois de completar o curso, fui chamado para servir como professor de história da família.
Durante os poucos anos que se seguiram, por várias vezes recebi orientação espiritual ao trabalhar em minha história da família, e desde aquela época aprendi que acontecimentos como esses são comuns quando estamos envolvidos nesse grande trabalho.

Registros de Arquivo no Uruguai

Uma das experiências mais extraordinárias ocorreu quando eu tinha 19 anos de idade. Eu havia sido desobrigado do serviço como conselheiro na presidência do ramo para que pudesse aceitar a designação para ser o diretor de história da família da missão. Estávamos preparando-nos para uma visita de George H. Fudge, do Departamento Genealógico da Igreja em Salt Lake City; ele esperava microfilmar alguns dos registros vitais do Uruguai. Foi-me pedido que ajudasse a fazer os preparativos.
Naquela noite orei fervorosamente para que conseguisse fazer o que me havia sido solicitado. Mais tarde, deparei-me com uma manchete de jornal que dizia: “Genealogia no Uruguai”. A história falava a respeito de uma reunião de genealogistas uruguaios que iria acontecer. Então percebi que o jornal já era de vários dias. A reunião já havia ocorrido, mas mesmo assim decidi visitar o local mencionado na reportagem.
Na noite em que decidi fazer a visita, fui também designado a supervisionar uma reunião de jovens e tive que ficar na capela até às 21h30. Eu não tinha dinheiro para a passagem de ônibus, e assim fui a pé até o local onde a reunião havia-se realizado. Era tarde quando cheguei ao endereço. Toquei a campainha, na esperança de que alguém atendesse, e alguns minutos mais tarde um homem abriu a porta.
Apresentei-me, e o homem bondosamente permitiu-me entrar. O que ele disse a seguir deixou-me muito surpreso: “Fico feliz que você tenha vindo tão tarde, pois acabo de chegar. Se tivesse vindo alguns minutos mais cedo não teria encontrado ninguém em casa”. Logo fiquei sabendo que ele fazia parte do único grupo de genealogistas no Uruguai. Descobri também que o jornal havia publicado a história sobre a reunião apesar de ter sido solicitado a não fazê-lo.
Pude marcar uma reunião do irmão Fudge com aquele grupo de eminentes genealogistas. Eles abriram os arquivos para ele. A pedido seu, alguns dos índices de registros de história da família do Uruguai foram microfilmados. Creio que estes tenham sido os primeiros registros microfilmados pela Igreja no Uruguai.

Um Poema Chinês de Gerações

Um segundo acontecimento significativo ocorreu alguns anos mais tarde, quando fui chamado a servir em uma missão no Peru. Meu avô, que não era religioso mas era o homem a quem eu mais respeitava, não queria que eu fosse. A minha família era de origem chinesa, e o meu avô era o patriarca. Em vários sentidos, a família era nossa religião, e a obediência e honra aos mais velhos eram o nosso código moral. Durante semanas meu avô não conversou comigo por causa de minha intenção de servir em uma missão. Uma semana antes de eu partir, ele me ofereceu um presente. Deu-me um aparelho de barbear que usei durante a missão—um aparelho que tenho até hoje. Ele era um homem amável. Para ajudá-lo a sentir-se melhor com respeito à minha missão, disse a ele que faria o que pudesse para encontrar seus parentes que moravam no Peru.
Durante os três primeiros meses da missão, conheci Guillermo “Willy” Hauyon, sobrinho de meu avô. Disse a Guillermo que havia ouvido dizer que existia um poema chinês na família, do qual cada geração tirava uma palavra e a incorporava aos nomes que recebiam. Para minha surpresa, ele localizou o poema e o copiou para mim. Quando retornei ao Uruguai depois da missão, pedi que meu avô transcrevesse o poema de seu próprio punho. Hoje ele é uma preciosa lembrança de meu avô e de minha herança. O poema contém 48 caracteres chineses e é utilizado para fazer o controle das gerações; desde aquela época tem-se provado inestimável em ajudar a determinar relações familiares.
Alguns meses depois de encontrar o poema—enquanto servia no escritório da missão—viajei para Trujillo, no Peru. Ali conheci Elsa Hauyon, que na época tinha 82 anos de idade. Descobri que ela era prima de meu avô, o único parente que se havia criado com ele na China e que cheguei a conhecer. Fiquei horas conversando com ela, registrando os nomes dos irmãos e irmãs de meu avô. Fiquei sabendo que havia 13 deles e não apenas os quatro dos quais meu avô falava. Com a ajuda de Elsa, tracei também a genealogia da família até chegar ao fundador da cidade natal de meu avô.

Ancestrais Suíços no Peru

Outro acontecimento sagrado relativo à história da família também ocorreu enquanto eu servia como missionário. Ao chegar ao Peru, fui designado a trabalhar em Callao, o porto da Cidade de Lima. Foi um fato bastante surpreendente porque, sem que eu soubesse na época, os jazigos de meus ancestrais suíços ficavam naquela mesma cidade. Um parente chegou a contar-me sobre os jazigos, mas não consegui encontrá-los antes de ser transferido para outra cidade.
Contudo, acredito que o Senhor queria que eu encontrasse meus ancestrais. Apesar de os missionários raramente serem designados para o mesmo ramo duas vezes, isso aconteceu comigo. Quase um ano mais tarde voltei a Callao, e desta vez descobri que havia dois cemitérios nas proximidades, um onde os meus ancestrais da família Schlupp encontram-se sepultados, e outro onde os registros da família (que remontam a 1820) estão guardados. Ao procurar entre os registros, finalmente deparei com aquilo que estava procurando: “Elizabeth Schlupp, 57 anos, sepultada em 16 de setembro de 1875; Ana Maria Schlupp Kruse, 66 anos, sepultada em 24 de janeiro de 1918”. Havia encontrado meus ancestrais suíços!
Eu estava extasiado. Finalmente tinha conseguido completar quatro gerações da história de minha família. De todos os lugares para os quais eu havia sido designado, o Senhor me havia chamado não uma vez, mas duas, a Callao—o local onde eu conseguiria localizar meus ancestrais suíços.

Uma Impressão Duradoura

Todos esses acontecimentos maravilhosos ocorreram durante os seis anos após meu batismo. Quando me recordo de minha juventude, percebo o quanto meu testemunho da Igreja e de sua divindade foi fortalecido pelo trabalho com a história da família e pelo Espírito de Elias. Posso verdadeiramente dizer que senti a influência do Senhor muitas vezes ao voltar o coração aos meus ancestrais. Aquele sentimento, despertado por meu presidente de ramo, que foi inspirado a fazer-me iniciar em história da família aos 16 anos, ecoa ainda hoje dentre as mais sagradas experiências de minha alma.
O Élder John A. Harris é Setenta-Autoridade de Área e serve na Área Utah 

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