quarta-feira, 13 de julho de 2011



conferência geral abril 2001


Enfoque e Prioridades



DALLIN H. OAKS


Of the Quorum of the Twelve Apostles






A informação disponível sabiamente empregada é muito mais valiosa do que uma quantidade imensa de informações que não seja aproveitada.

Somos responsáveis pelo modo como usamos o que recebemos, e seremos julgados por isso. Esse princípio eterno aplica-se a tudo o que nos é concedido. Na parábola dos talentos (Mat. 25:14–30), o Salvador ensinou esse princípio com respeito ao uso de nossas propriedades. O princípio da responsabilidade também se aplica aos recursos espirituais conferidos nos ensinamentos que nos são dados e às preciosas horas e dias concedidos a cada um de nós na mortalidade.

Gostaria de analisar como esse princípio da responsabilidade se aplica a nosso uso do tempo extra e da maior quantidade de informações de que dispomos em nossos dias.

Devido ao aumento da expectativa de vida e dos modernos equipamentos para poupar tempo que estão à nossa disposição, muitos de nós temos bem mais tempo livre do que os nossos antepassados. Somos responsáveis pelo modo como usamos esse tempo. “Não desperdiçarás teu tempo” (D&C 60:13) e “cessai de ser ociosos” (D&C 88:124), foram mandamentos do Senhor aos primeiros membros e missionários. “Veloz nos foge o tempo”, cantamos em um hino muito popular. “Não há como o reter. Eterno em seu avanço, quem o fará volver? Se alertas não estamos, nossa vez se perderá; a vida logo passa, um dia só será!” (“Prolongue os Bons Momentos”, Hinos, no. 152)

A quantidade do tempo livre de que dispomos foi grandemente multiplicada pela moderna tecnologia de processamento de dados. Tanto para o bem quanto para o mal, recursos como a Internet e os CD’s colocaram ao nosso alcance um incrível manancial de informações, idéias e imagens. Da mesma forma que as lanchonetes do tipo fast food, temos agora rápido acesso a comunicações e fatos. O efeito desses recursos em algumas pessoas parece cumprir a profecia de Daniel a respeito dos últimos dias de que “o conhecimento se [multiplicaria]” e “muitos [correriam[ de uma parte para outra”. (Dan. 12:4)

Devido à tecnologia moderna, o conteúdo de imensas bibliotecas e outras fontes de dados estão ao alcance de muitos de nós. Alguns decidem passar horas incontáveis navegando sem rumo certo pela Internet, assistindo a programas triviais na televisão ou vasculhando enormes pilhas de informações. Mas com que objetivo? Aqueles que se empenham nessas atividades são como os dois sócios de minha história, correndo de um lado para o outro, carregando cada vez mais melões no caminhão, mas deixando de perceber a verdade essencial de que não teremos lucro em nossos esforços se não compreendermos o verdadeiro valor do que já temos à nossa disposição.

Um poeta descreveu essa ilusão como um “ciclo sem fim” que traz “o conhecimento de palavras, mas a ignorância da Palavra”, na qual a “sabedoria” “se perde em meio ao conhecimento” e o “conhecimento” “se perde em meio à informação”. (T. S. Eliot, “Choruses from ‘The Rock’”, in The Complete Poems and Plays, 1909–1950 [1962], p. 96)

A informação disponível sabiamente empregada é muito mais valiosa do que uma quantidade imensa de informações que não seja aproveitada.

Diante de um excesso de informações dos maravilhosos recursos que nos foram concedidos, precisamos começar com o enfoque certo ou provavelmente nos tornaremos como aqueles da conhecida profecia a respeito das pessoas dos últimos dias: “Aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”. (II Tim. 3:7) Necessitamos também de tranqüilidade e fervorosa reflexão ao procurarmos transformar a informação em conhecimento e o conhecimento maduro em sabedoria.

No tocante ao evangelho, existem muitas implicações relacionadas a esse fácil acesso a tamanho volume de informações. Por exemplo, nosso site da Igreja agora oferece acesso a todos os discursos da conferência geral e outros materiais das revistas da Igreja dos últimos 30 anos. Os professores podem fazer o download de uma quantidade imensa de informações sobre qualquer assunto. Quando o enfoque é preciso, uma apostila pode enriquecer muito a aula. Mas apostilas em demasia podem atrapalhar nossa tentativa de ensinar os princípios do evangelho com clareza e testemunho. Pilhas de material suplementar podem empobrecer, em lugar de enriquecer a aula, porque distrai a concentração do aluno nos princípios designados e o desvia da busca fervorosa da aplicação prática desses princípios em sua própria vida.

Espero que essas advertências sobre a necessidade de enfoque não sejam compreendidas como uma aversão ao uso seletivo da nova tecnologia, que coloca rapidamente à nossa disposição tamanha riqueza de informações. Nesse sentido, repito o que Brigham Young declarou:

“Toda descoberta científica ou artística realmente verdadeira e útil para a humanidade foi dada por meio de revelação direta de Deus. ( . . . ) Devemos tirar proveito de todas essas grandes descobertas ( . . . ) e proporcionar a nossos filhos o benefício de todo ramo de conhecimento útil, a fim de prepará-los para seguirem adiante e realizarem eficazmente a sua parte neste grandioso trabalho”. (Deseret News, 22 out. 1862, p. 129)

Também precisamos de prioridades. As prioridades determinam o que buscamos na vida. A maior parte do que foi ensinado nesta conferência refere-se a prioridades. Espero que demos ouvidos a esses ensinamentos.

Jesus ensinou a respeito de prioridades quando disse: “Não busqueis as coisas deste mundo, mas procurai primeiro edificar o reino de Deus e estabelecer sua justiça e todas essas coisas vos serão acrescentadas”. (TJS Mat. 6:38; Mat. 6:33, nota de rodapé a) “Procurai primeiro edificar o reino de Deus” significa colocar Deus e Sua obra como prioridade principal. O trabalho de Deus é levar a efeito a vida eterna de Seus Filhos (ver Moisés 1:39), bem como tudo o que isso implica com respeito ao nascimento, criação, ensino e selamento dos filhos de nosso Pai Celestial. Tudo o mais tem menor prioridade. Pensem nessa verdade ao ponderarem alguns ensinamentos e exemplos referentes a prioridades. Como alguém disse: se não escolhermos o Reino de Deus em primeiro lugar, a longo prazo não fará diferença o que tivermos escolhido em lugar dele.

Quanto ao conhecimento, a mais alta prioridade do conhecimento religioso é aquele que recebemos no templo. Ele é adquirido por meio dos ensinamentos explícitos e simbólicos da investidura e dos sussurros do Espírito que recebemos ao desejarmos buscar e ser receptivos para ouvir a revelação que está a nosso dispor naquele lugar sagrado.

Em toda parte vemos bons exemplos daqueles que procuram tesouros
permanentes, que “têm fome e sede de justiça” (Mat. 5:6) e que colocam o reino de Deus em primeiro lugar em sua vida. Dentre os mais evidentes desses exemplos estão os homens e mulheres que deixaram de lado a busca de coisas mundanas e até despediram-se da família para servir em uma missão para o Senhor. Dezenas de milhares deles são jovens missionários. Além disso, quero prestar tributo pessoal aos que servem numa missão na maturidade, alguns como líderes de missão e outros a que chamamos de casais missionários. Seu extraordinário serviço é uma evidência de suas prioridades, o impressionante exemplo que dão é um guia para a família e para todos os que os conhecem.

Nossas prioridades evidenciam-se na maneira como usamos nosso tempo. Alguém disse: “Três coisas jamais voltam: A flecha arremessada, a palavra proferida e a oportunidade perdida”. Não podemos reciclar nem armazenar o tempo que nos é concedido a cada dia. Em relação ao tempo, temos apenas uma oportunidade de escolha, e depois ela se vai para sempre.

As boas escolhas são de particular importância em nossa vida familiar. Por exemplo: como os membros de sua família passam seu tempo livre

Para citar outro exemplo: Quanto tempo a família passa aprendendo o evangelho pelo estudo das escrituras e pelo ensino dos pais, em contraste com o tempo que os membros da família passam assistindo a competições esportivas, programas de entrevistas ou novelas? Creio que a maioria de nós vive com excesso de entretenimentos e carente do pão da vida.

Em relação às prioridades de cada decisão importante (como os estudos, o emprego, o local de residência, o companheiro de matrimônio ou os filhos), devemos perguntar a nós mesmos qual será o impacto eterno dessa decisão. Algumas decisões que talvez pareçam desejáveis para a mortalidade, carregam consigo um risco inaceitável em termos de eternidade. Em todas essas escolhas precisamos ter prioridades inspiradas e aplicá-las de modo que proporcionem bênçãos eternas para nós e nossos familiares.

A maior prioridade dos santos dos últimos dias tem duas partes. Em primeiro lugar: procurar entender nosso relacionamento com Deus, o Pai Eterno, e Seu Filho Jesus Cristo e assegurar esse relacionamento por meio das ordenanças de salvação e do cumprimento de nossos convênios pessoais. Em segundo lugar: procurar entender nosso relacionamento com os membros de nossa família e assegurar esse relacionamento por meio das ordenanças do templo e do cumprimento dos convênios que fizermos naquele lugar sagrado. Esses relacionamentos, assegurados do modo que expliquei, proporcionam bênçãos eternas que não podem ser conseguidas de nenhuma outra forma. Nenhuma combinação de ciência, sucesso, propriedade, presunção, proeminência ou poder pode proporcionar essas bênçãos eternas!

Testifico que isso é verdade. E presto testemunho de Deus, o Pai, cujo Plano estabeleceu o caminho e de nosso Salvador, Jesus Cristo, cuja Expiação tornou tudo isso possível. Em nome de Jesus Cristo. Amém.

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